Por Beatriz Dantas, Elisângela Borges e Fernanda Peixoto
Manuel Antônio Álvares de Azevedo
foi fortemente influenciado por Lord Byron e Musset, inserindo em suas poesias elementos da linguagem
desses escritores. A melancolia e a presença constante da morte eram temas
perenes em suas obras. Tendência aos aspectos mórbidos e depressivos da
existência, egocentrismo, idealização da mulher, melancolia, subjetivismo,
solidão, degeneração dos sentimentos, decadentismo e até satanismo. A escolha
vocabular presente em alguns textos reflete essa tendência: "pálpebra
demente", "matéria impura", "fúnebre clarão",
"boca maldita", entre outros.
A partir dessas considerações, é
possível relacionar a análise do conto de Álvares Azevedo, “Solfieri”, com as
características já mencionadas. Como os aspectos mórbidos:
“Não era só uma voz melodiosa: havia naquele cantar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aquela voz era sombria como a do vento à noite nos cemitérios, cantando a nênia das flores murchas da morte” (p. 221) e “Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão” (p. 222).
Fica evidente
que o personagem Solfieri possui adoração por uma pessoa morta, prática denominada
de necrofilia (desejo e prática sexual com cadáveres), algo que não estaria
dentro dos padrões “normais” da sociedade, apesar já existir desde os tempos
mais remotos da história humana. O conto também extrapola as projeções do objeto
amado, por exemplo, está morta e ao mesmo tempo vive: “Não era já a morte: era
um desmaio” (p. 222).
É considerado
erótico, mas o nível de explicitude é muito baixo devido às convenções de
linguagem romântica: “O gozo foi fervoroso – cevei em perdição aquela vigília”
(p. 222).
Referências:
AZEVEDO, Álvares de, Sofieri. In: COSTA, Flávio Moreira da
Costa (Org.). As 100 melhores histórias
eróticas da literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
Site consultado: http://quadrangularpari.blogspot.com/2010/09/profanacao-do-sexo.html
Acesso em 02 dez 2010.