Por Flaviane Tereza, Júlia Graciele,
Kívia Alves e Marília Nunes
De acordo com a fala da crítica literária Eliane
Robert de Moraes (2004) não há necessariamente uma diferenciação entre o
erótico e o pornográfico, porém o senso comum julga o primeiro como aquilo que
apenas sugere e o segundo como aquilo que mostra tudo. Se considerássemos essa distinção,
o fragmento “A especialidade de Liló”, de Hilda Hilst é então mais pornográfico
que erótico, pois descreve a ato sexual de maneira bem explícita, até mesmo a
preparação e a expectativa da platéia são narradas pela escritora.
Porém, a palestrante Eliane Robert problematiza essa diferenciação, pois é possível que tenhamos uma pornografia da “coisa” mais velada ou mais escancarada, assim como também podemos ter uma produção da arte erótica mais velada ou mais escancarada. Portanto, seria difícil definir o texto em erótico ou pornográfico.
Porém, a palestrante Eliane Robert problematiza essa diferenciação, pois é possível que tenhamos uma pornografia da “coisa” mais velada ou mais escancarada, assim como também podemos ter uma produção da arte erótica mais velada ou mais escancarada. Portanto, seria difícil definir o texto em erótico ou pornográfico.
Ao contrário da obra de Sade, o conto em questão não apresenta filosofia, mas é de uma linguagem obscena, e a base moralista a supõe feia e suja, porque traz a visão e a descrição do sexo. É importante observar também que o local dos acontecimentos é distante trinta quilômetros da cidade, em um bordel, ou seja, um lugar que pertence à zona de tolerância e que por isso toda essa orgia é permitida. Zona de tolerância representa os lugares em que o discurso sobre o sexo ou até mesmo o ato em si, não ofendem a ordem social e na maioria das vezes têm fins lucrativos como, por exemplo, as locadoras, as revistas ou as casas de prostituição. A sociedade então tolera que a sexualidade mais baixa fique confinada nesses lugares.
O conto apresenta tratamento chulo da sexualidade, dando ênfase nas práticas orais, através das quais muitos expectadores se excitam também. Como se fosse um ritual, depois que tudo estava preparado como gostava Liló, o protagonista do conto, ele então atuava de uma maneira exibicionista, pois adorava que todos o observassem e o admirassem enquanto lambia a moça, até satisfazê-la. E quando terminava, o prazer era geral, ou seja, todos os que estavam no bordel se excitavam e gozavam também.
Ainda segundo a palestrante Eliane Robert, a pornografia, para alguns historiadores é um fenômeno de mercado e a nossa cultura teme a ligação entre sexo e saber já que alguns tipos de pornografia propõem conhecimento. E que os conceitos de erótico e pornográfico variam muito de acordo com as épocas. Ela ainda cita Aretino, para o qual o mistério do mundo se oculta no meio das pernas, e a pornografia só escandalizaria quando desobedece as regras sociais.
Referências:
MORAES,
Eliane R. A pornografia: palestra proferida no Café Filosófico CPFL, exibido
pela TV Cultura, em 2004. Cultura Marcas, 1 dvd, 55 min.
HILST,
Hilda. A especialidade de Liló (de Contos D`Escárnio/Textos Grotescos). In: COSTA, Flávio Moreira da. (Org.). As
100 melhores histórias eróticas da literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. (100 melhores).
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