Por Marília Nunes Ribeiro
A repressão
sexual, que era própria das sociedades chamadas burguesas, foi marcada
principalmente no século XVII, chamado a “Idade da Repressão”. Nessa época,
existia, principalmente sobre as mulheres, uma moral que reprimia a
sexualidade, a sua prática era permitida dentro do casamento e na maioria das
vezes era tolerada com sacrifícios pelas mesmas. Com a ascensão da burguesia, a
repressão sexual faz funcionar a máquina do capitalismo, pois, para essa
sociedade, mantendo o controle sobre o sexo, os interesses sobre as classes
dominadas eram mantidos.
A sociedade
burguesa faz algumas concessões sobre o sexo, como escreve Foucault (1988): “Se
for mesmo preciso dar lugar às sexualidades ilegítimas, que vão incomodar
noutro lugar: que incomodem lá onde possam ser reinscritas, senão nos circuitos
da produção, pelo menos nos de lucro...” no caso seriam as casas de
prostituição, por ecemplo, as zonas de tolerância onde tudo é permitido; fora
desses ambientes, o assunto sexo se torna inexistente.
No conto “A língua do
“P” da autora Clarice Lispector, a personagem Cidinha passa por uma situação
difícil e a única saída que encontra é se fingir de prostituta para se livrar
dos bandidos. Depois de ter sido presa e solta pela polícia, Cidinha tinha uma
preocupação: havia sentido vontade de ser estuprada pelos bandidos e diante
desta descoberta a personagem disse: “Eu sou uma puta”, e isto a deixa
arrasada, pois como já vimos anteriormente, esses pensamentos e desejos eram
considerados como pecado e proibidos diante da sociedade e da igreja.
De acordo com
Foucault (1988), “se o sexo é reprimido, isto é, fadado à proibição, à
inexistência e ao mutismo, o simples fato de falar dele e de sua repressão
possui como que um ar de transgressão deliberada”.
Referências:
FOUCAULT, Michel.
História da sexualidade I: A vontade
de saber. Rio de Janeiro: Edição Graal, 1988.
LISPECTOR,
Clarice. A língua do “P”. In:______. A
via Crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
2 comentários:
Concordo com o texto e acho que por mais que o tempo tenha passado e as pessoas tenha mudado, muitas mulheres quando pensam algo mais vulgar, elas proprias se consideram prostitutas, pois em suas mentes só cabe a essa categoria esse tipo de atitude.
Interessante como no capitalismo atual está havendo uma transfêrência de desejos. Somos todos/as seres desejantes e desejosos o tempo todo como se fossêmos morrer de tesão. Se antes a mulher era proibida de desejar hoje ela é impelida o tempo. Ai daquelas que realmente estiverem com dor de cabeça! Serão logo encaminhadas a um Psicológo, melhor ainda se for especialista em SEXO!
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