16 dezembro 2010

Erotismo e pornografia no poema “CXII – O Britador”, de Paulo Veloso

Por Clayre Cardoso e Poliana Pires


A puta apavorada a bunda empina
E a boceta arreganha o mais que pode,
Pra ver se dá calado à longarina
Que a custo empunha esse alentado bode.

O caralho é mais grosso do que as coxas
Da pobre puta, que protesta em vão...
As berbas da quirica já estão roxas,
Das marradas que leva em profusão.

Mas volta o jumental garanho à luta!
O pau trabalha como um bate-estaca!
 _ Quer rasgar, meio a meio, a pobre puta!

E mete!!! Mas a arremetida louca
Não termina no útero da vaca!
_ Une o cu co’ a boceta e sai na boca!!!
                                                                                                                                          O Britador, Paulo Veloso


No âmbito do erotismo e da pornografia é difícil verificar um limite exato entre eles. Em algumas discussões feitas por estudiosos, percebe-se que eles admitem que o pornográfico apresenta-se pela exposição explícita dos atos sexuais ou de partes do corpo, tendo como foco as partes genitais, e o erótico retrata o ato sexual com mais cuidado, ou seja, com mais sutileza. Segundo Alexandrian (1993, p. 8) “a pornografia é a descrição pura e simples dos prazeres carnais; o erotismo é essa mesma descrição revalorizada em função de uma idéia do amor ou da vida social.”

No poema “O Britador”, podemos perceber com clareza a maneira pornográfica que o autor trabalha, apresentando o sexo de uma forma explícita e grotesca, com uso de uma linguagem obscena na qual é manifestada nos "palavrões", descrevendo em seu poema uma prostituta tendo uma relação sexual com um homem, na qual um corpo invade o outro, tornando a carne mais desejável. O poema em sua primeira estrofe apresenta de início uma “puta” com sua bunda empinada para iniciar o ato sexual que ocorre durante o texto, a partir daí percebemos a maneira excitante que o autor trabalha em seu poema.

No poema, o homem e a mulher demonstram seus desejos e se entregam ao sexo sem pudor e culpa, agem de modo natural e buscam somente o prazer. Não há obstáculo moral, hesitação, remorso, senso de proibição ou sentimento romântico, para eles somente o prazer é procurado, podemos perceber esse desejo no poema todo, mais principalmente na ultima estrofe quando ele diz: “– une o cu co’a boceta e sai na boca!!!”

Concluímos então, que o autor Paulo Veloso em seu poema trata com bastante clareza a pornografia, pois ele descreve cada detalhe da relação sexual, criando cenas em primeiro plano e uma linguagem fortemente erotizada com a intenção de excitar o leitor.

Referências:
ALEXANDRIAN. Historia da literatura erótica. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
BUENO, Alexei (org.). Antologia Pornográfica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
PAES, José Paulo. Amor na literatura. Ed. Schwarcz, 1996.

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