Por Clayre Cardoso e Poliana Pires
A puta apavorada a bunda empina
E
a boceta arreganha o mais que pode,
Pra
ver se dá calado à longarina
Que
a custo empunha esse alentado bode.
O
caralho é mais grosso do que as coxas
Da
pobre puta, que protesta em vão...
As
berbas da quirica já estão roxas,
Das
marradas que leva em profusão.
Mas
volta o jumental garanho à luta!
O
pau trabalha como um bate-estaca!
_ Quer rasgar, meio a meio, a pobre puta!
E
mete!!! Mas a arremetida louca
Não
termina no útero da vaca!
_
Une o cu co’ a boceta e sai na boca!!!
O Britador, Paulo Veloso
No âmbito do erotismo e da pornografia é difícil verificar um limite exato entre eles. Em algumas discussões feitas por estudiosos, percebe-se que eles admitem que o pornográfico apresenta-se pela exposição explícita dos atos sexuais ou de partes do corpo, tendo como foco as partes genitais, e o erótico retrata o ato sexual com mais cuidado, ou seja, com mais sutileza. Segundo Alexandrian (1993, p. 8) “a pornografia é a descrição pura e simples dos prazeres carnais; o erotismo é essa mesma descrição revalorizada em função de uma idéia do amor ou da vida social.”
No poema “O Britador”, podemos perceber
com clareza a maneira pornográfica que o autor trabalha, apresentando o sexo de
uma forma explícita e grotesca, com uso de uma linguagem obscena na qual é manifestada nos "palavrões",
descrevendo em seu poema uma prostituta tendo uma relação sexual com um homem,
na qual um corpo invade o outro, tornando a
carne mais desejável. O poema em sua primeira estrofe apresenta de início uma
“puta” com sua bunda empinada para iniciar o ato sexual que ocorre durante o
texto, a partir daí percebemos a maneira excitante que o autor trabalha em seu
poema.
No poema, o homem e a mulher demonstram
seus desejos e se entregam ao sexo sem pudor e culpa, agem de modo natural e
buscam somente o prazer. Não há obstáculo moral, hesitação, remorso, senso de
proibição ou sentimento romântico, para eles somente o prazer é procurado,
podemos perceber esse desejo no poema todo, mais principalmente na ultima
estrofe quando ele diz: “– une o cu co’a boceta e sai na boca!!!”
Concluímos então, que o autor Paulo
Veloso em seu poema trata com bastante clareza a pornografia, pois ele descreve
cada detalhe da relação sexual, criando cenas em primeiro plano e uma linguagem
fortemente erotizada com a intenção de excitar o leitor.
Referências:
ALEXANDRIAN.
Historia da literatura erótica. Rio
de Janeiro: Rocco, 1993.
BUENO,
Alexei (org.). Antologia Pornográfica.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
PAES,
José Paulo. Amor na literatura. Ed.
Schwarcz, 1996.
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