Por Kívia Alves e Júlia Graciele
Que tal falar sobre sexo, amor, solidão e morte? É o que encontramos no conto de Caio Fernando Abreu, Dama da noite.
O conto Dama da noite
narra basicamente a história de uma mulher com
seus 35 a 40 anos que “deseja fazer parte da roda”, que,
para ela é tudo aquilo que gira em torno de si, naquela determinada noite era a
vida de alguns jovens que se encontravam em um bar qualquer da cidade.
A personagem principal tem uma conversa descontraída com um garotão, faz piadas com este e sente-se confiante em
poder pagar pelo prazer do sexo. Em alguns momentos do conto ela chega até a questionar a masculinidade dele.
A mulher, num
primeiro instante, parece meio perdida, e dá a entender que esta afim de sexo
casual, mas no decorrer da narrativa ela mesmo confessa que esta a espera de um
grande amor, ela mesmo diz, “Ria de mim,
mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo
todo procuro o verdadeiro amor”. Ela
sabe que esse amor em algum momento vai acontecer, por isso sai todas as noites
a sua procura, e quando começa a amanhecer retorna para sua casa, pois à luz do
dia as damas da noite recolhem seu perfume.
O simbolismo que Caio Fernando Abreu apresenta entre a planta denominada
“dama da
noite” com a personagem de seu conto, representa o desabrochamento
da personagem à noite, pois a planta dama da noite durante o dia é sem graça,
mas ao anoitecer desabrocha e exala seu perfume
inconfundível.
As mulheres contemporâneas não esperam mais por um “príncipe encantado”, para satisfazer seus desejos e
expectativas, se os homens não as procuram elas vão
ao seu encontro, mesmo que seja por sexo casual.
As autoras contemporâneas vem tentando
desconstruir conceitos ideologicamente
criados sobre a mulher. Como a autora Cristina Bailey confirma no
trecho:
as escritoras brasileiras vêm desconstruindo mitos culturais que enquadram a mulher em padrões rígidos de feminilidade, beleza e juventude, e modelo de comportamento social permitindo à mulher e dela esperado, padrões e modelos esses que afetam profundamente o sentido de identidade do sujeito feminino e sua relação com o se corpo, sua sexualidade e seu desejo (BAILEY, 2005).
A mulher fala ainda
da morte para o garoto de uma forma triste, tentando mostrar que esta é a descontinuidade
de tudo, da solidão a qual é descrita por ela como se fosse um caminho triste e
sem volta. Aspectos estes citados no texto de Angélica Soares (1999), para
quem:
O erotismo, enquanto experiência interior do ser humano, experiência de limites entre a exuberância da vida e presença da morte, em seus movimentos de superação das diferenças e do retorno à existência faltante, reconciliará sempre o arrebatamento e o abandono.
Ao procurar
alguém para satisfazer seus desejos, a personagem dama da noite procura diminuir
sua solidão, pois no encontro de dois corpos não se tem solidão, ao contrário, temos
o preenchimento do vazio.
Referências:
ABREU, C. Fernando. Site: www.scribd.com/doc/.../
Acesso em: 19 nov. 2010.
BATAILLE, Georges. O erotismo. São Palo: Arx, 2004.
BAILEY, Cristina
Ferreira-Pinto. O corpo e a voz da mulher brasileira na sua literatura: o
discurso erótico de Márcia Denser. Disponível em: http://www.cronopios.com.br
/site/ensaios.asp?id=128. Acesso
em: 10 de nov 2010.
SOARES, Angélica. A paixão emancipatória: vozes femininas
na liberação do erotismo na poesia brasileira. Rio de Janeiro: Difel, 1999.
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